terça-feira, 4 de março de 2014

O QUE BUSCAM AS GERAÇÕES NO TRABALHO?

            Nos últimos anos intensificaram-se as lamúrias dos empresários quanto à dificuldade de encontrar bons profissionais para todos os postos de trabalho. O que alegam, principalmente, é que as novas gerações (em especial a Y) não possuem o comprometimento necessário, que só querem o dinheiro no final do mês sem o devido esforço (como dizem, querem o emprego e não o trabalho). Enfim, excluem-se da situação. Ao se deter no assunto, ocorrem algumas questões básicas: o que, exatamente, está mudando? O que os empresários não estão percebendo? O que é necessário mudar nas relações de trabalho?
            O mundo está sempre em mudança e a tecnologia acelera o processo. Os empresários sabem disso, com certeza! Mas o que não entendo é: se eles percebem que o mundo e suas relações estão mudando, por quê as relações dentro das empresas também não sofreriam transformações? As novas gerações percebem o mundo muito mais líquido (aqui utilizo o conceito de Zygmunt Bauman que descreve, por meio de longo estudo, que as relações atuais estão efêmeras e instantâneas) e egoísta, assim, tudo pode ser substituído e encontrado num “click”. Sendo ainda mais específica, se começo a trabalhar em uma empresa que não me ensinou o que fazer, que me espreme até a última gota de sangue e acha que não fiz nada além da obrigação, o que me faz continuar ali se na empresa da esquina farão a mesma coisa comigo mas me pagarão um pouco mais?
            O que percebo é que as pessoas estão com mais coragem de se respeitar (suas vontades, anseios, sonhos) e estão percebendo que a lealdade à empresa, em muitos casos, é só do empregado para o empregador, sem reciprocidade. O problema é que os empregados foram para o extremo oposto, em busca de seus interesses de maneira egoísta, egocêntrica. O resultado disso é a constante insatisfação e frustração das pessoas na vida profissional. Pode ser que não assumam isso, mas aqueles que sempre reclamam do trabalho e clientes, chamam segunda-feira de o dia do martírio, vivem para o final de semana, feriados e férias, estão mostrando sinais desse descompasso. O que fazer então?
            Quando o assunto é gestão de pessoas, não há fórmulas mágicas, pois as pessoas, culturas, contextos, histórias, etc, são diferentes e criam contextos distintos. Mas o fato é que as relações de trabalho mudaram assim como as relações no mundo, mas o que não mudou é o fato das pessoas quererem se sentir especiais!  Como transportar isso para a empresa? Há inúmeros exemplos no mundo empresarial e o importante é que esses exemplos somente continuam vivos porque estão em constante movimento. Não é por um modelo dar certo durante um tempo que dará certo para sempre. Qualquer relação de amizade, casamento ou trabalho  precisa ser mantida, reinventada constantemente, senão há o desgaste e o distanciamento natural.
Dois livros interessantes sobre esse assunto são: Satisfação Garantida (Delivering Happiness) – Tony Hsieh. Tony é dono da Zappo’s, empresa que comercializa sapatos pela internet, que tem como lema entregar “UAU!” em cada contato com o cliente. Ele trás que para entregar “UAU!” é necessário criar o “UAU!” interno. Não há como transmitir algo que não se recebe. Já o outro livro é Gratidão: como gerar um sentimento incrível de satisfação em todos os seus clientes (The Thank You Economy) – Gary Vaynerchuk. Gary é empreendedor e divulgador da Economia da Gratidão. Ele percebeu que as pessoas compram mais naqueles locais onde se sentem acolhidas e especiais. Mas para que os clientes se sintam acolhidos e especiais, as pessoas que trabalham na empresa devem se sentir assim. Já escutei de muitos empresários que isso sai caro e o retorno não vem na mesma proporção. O que sei, por já ter colocado essas ideias em prática (mesmo antes das publicações, pois acredito nessa relação) é que o retorno é muito maior desde que seja feito de verdade, além de ter que estar constantemente se reinventando. Sei que muitas vezes eu não estava em sintonia com a cultura de resultado a qualquer custo da empresa e que a equipe trabalhava pela relação construída comigo, mas o resultado final sempre foi além do esperado. Teria sido bem mais fácil e com resultados ainda melhores para o contexto geral se essa fosse a política/cultura da empresa.
Enfim, para mim, independente da geração, o que as pessoas têm procurado nas relações de trabalho é a troca mais humana, ou seja, reconhecimento e valorização. Recompensas financeiras ajudam, com certeza, mas não podem ser a única fonte de reconhecimento e se for, a relação construída será essa (o que justifica ainda mais as pessoas irem embora por um punhado a mais de moedas e o comprometimento ser unicamente financeiro). 

Espero que esta reflexão tenha sido a primeira de muitas participações e estou à disposição para discutir mais o assunto. Agradeço ao Silmar Strübbe por ter proporcionado este espaço, além de parabenizá-lo pela iniciativa!!!

Carolina Wiedemann Chaves
Administradora, Mestre em Comunicação Social
Consultora, Professora Universitária


"Agradeço a honrosa colaboração da Carolina, pois é a primeira de muitas reflexões a ser publicadas neste Blog. Carol MUITO OBRIGADO!!!! Silmar" 

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