Nos últimos anos intensificaram-se
as lamúrias dos empresários quanto à dificuldade de encontrar bons
profissionais para todos os postos de trabalho. O que alegam, principalmente, é
que as novas gerações (em especial a Y) não possuem o comprometimento
necessário, que só querem o dinheiro no final do mês sem o devido esforço (como
dizem, querem o emprego e não o trabalho). Enfim, excluem-se da situação. Ao se
deter no assunto, ocorrem algumas questões básicas: o que, exatamente, está
mudando? O que os empresários não estão percebendo? O que é necessário mudar
nas relações de trabalho?
O mundo está sempre em mudança e a
tecnologia acelera o processo. Os empresários sabem disso, com certeza! Mas o
que não entendo é: se eles percebem que o mundo e suas relações estão mudando,
por quê as relações dentro das empresas também não sofreriam transformações? As
novas gerações percebem o mundo muito mais líquido (aqui utilizo o conceito de
Zygmunt Bauman que descreve, por meio de longo estudo, que as relações atuais
estão efêmeras e instantâneas) e egoísta, assim, tudo pode ser substituído e
encontrado num “click”. Sendo ainda mais específica, se começo a trabalhar em
uma empresa que não me ensinou o que fazer, que me espreme até a última gota de
sangue e acha que não fiz nada além da obrigação, o que me faz continuar ali se
na empresa da esquina farão a mesma coisa comigo mas me pagarão um pouco mais?
O que percebo é que as pessoas estão
com mais coragem de se respeitar (suas vontades, anseios, sonhos) e estão
percebendo que a lealdade à empresa, em muitos casos, é só do empregado para o empregador,
sem reciprocidade. O problema é que os empregados foram para o extremo oposto,
em busca de seus interesses de maneira egoísta, egocêntrica. O resultado disso
é a constante insatisfação e frustração das pessoas na vida profissional. Pode
ser que não assumam isso, mas aqueles que sempre reclamam do trabalho e
clientes, chamam segunda-feira de o dia do martírio, vivem para o final de
semana, feriados e férias, estão mostrando sinais desse descompasso. O que
fazer então?
Quando o assunto é gestão de
pessoas, não há fórmulas mágicas, pois as pessoas, culturas, contextos,
histórias, etc, são diferentes e criam contextos distintos. Mas o fato é que as
relações de trabalho mudaram assim como as relações no mundo, mas o que não
mudou é o fato das pessoas quererem se sentir especiais! Como transportar isso para a empresa? Há
inúmeros exemplos no mundo empresarial e o importante é que esses exemplos
somente continuam vivos porque estão em constante movimento. Não é por um
modelo dar certo durante um tempo que dará certo para sempre. Qualquer relação
de amizade, casamento ou trabalho
precisa ser mantida, reinventada constantemente, senão há o desgaste e o
distanciamento natural.
Dois livros interessantes sobre esse
assunto são: Satisfação Garantida
(Delivering Happiness) – Tony Hsieh. Tony é dono da Zappo’s, empresa que
comercializa sapatos pela internet, que tem como lema entregar “UAU!” em cada
contato com o cliente. Ele trás que para entregar “UAU!” é necessário criar o
“UAU!” interno. Não há como transmitir algo que não se recebe. Já o outro livro
é Gratidão: como gerar um sentimento
incrível de satisfação em todos os seus clientes (The Thank You Economy) – Gary
Vaynerchuk. Gary é empreendedor e divulgador da Economia da Gratidão. Ele
percebeu que as pessoas compram mais naqueles locais onde se sentem acolhidas e
especiais. Mas para que os clientes se sintam acolhidos e especiais, as pessoas
que trabalham na empresa devem se sentir assim. Já escutei de muitos
empresários que isso sai caro e o retorno não vem na mesma proporção. O que
sei, por já ter colocado essas ideias em prática (mesmo antes das publicações,
pois acredito nessa relação) é que o retorno é muito maior desde que seja feito
de verdade, além de ter que estar constantemente se reinventando. Sei que
muitas vezes eu não estava em sintonia com a cultura de resultado a qualquer
custo da empresa e que a equipe trabalhava pela relação construída comigo, mas
o resultado final sempre foi além do esperado. Teria sido bem mais fácil e com
resultados ainda melhores para o contexto geral se essa fosse a
política/cultura da empresa.
Enfim, para mim, independente da
geração, o que as pessoas têm procurado nas relações de trabalho é a troca mais
humana, ou seja, reconhecimento e valorização. Recompensas financeiras ajudam,
com certeza, mas não podem ser a única fonte de reconhecimento e se for, a
relação construída será essa (o que justifica ainda mais as pessoas irem embora
por um punhado a mais de moedas e o comprometimento ser unicamente
financeiro).
Espero que esta reflexão tenha sido a
primeira de muitas participações e estou à disposição para discutir mais o
assunto. Agradeço ao Silmar Strübbe por ter proporcionado este espaço, além de
parabenizá-lo pela iniciativa!!!
Carolina Wiedemann
Chaves
Administradora, Mestre
em Comunicação Social
Consultora, Professora
Universitária
"Agradeço a honrosa colaboração da Carolina, pois é a primeira de muitas reflexões a ser publicadas neste Blog. Carol MUITO OBRIGADO!!!! Silmar"
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